sábado, 13 de agosto de 2011

Os suicidas

Há muitos anos, compadecido de um jovem

que se jogara de um edifício devido a alguém

que o deixara, iniciei um trabalho de preces pelos suicidas.


Para toda reunião mediúnica que eu dirigisse a

partir daquele dia, o primeiro minuto seria para eles. A principio fiquei pensando o que dizer para alguém que, magoado, busca na morte a solução do seu problema e acorda enlouquecido de dor e de espanto com sua indestrutibilidade.


Quais palavras seriam capazes de gerar esperança,

amenizar a dor, minimizar a decepção, evitar

a loucura total e o embrutecimento?


Intimamente perguntei ao meu guia espiritual

sobre este minuto que se repetiria milhares de

vezes na minha vida, posto que dirijo reuniões

mediúnicas já fazem mais de quarenta anos.


Então ele fez soar em minha mente as palavras do salmo que, de tanto repetir, trago gravado na memória: o Senhor é meu Pastor. Nada me faltará. ...


Certa feita, no Natal, estava eu na reunião e

preparava-me para a prece final quando uma jovem, utilizando-se da palavra de uma médium disse: professor! Não se assuste com o meu gesto. Eu tenho permissão dos dirigentes da casa para agir.


Então a médium se levantou sob a influência

da comunicante e beijou a mão de todos os

componentes do grupo, dizendo a cada um:

Deus lhe pague. Eu não tenho como.


Depois disso, ela contou que estivera internada

em um hospital de amparo aos suicidas e que o seu nome estava escrito no livro, ali sobre a mesa, junto com outros sofredores.


Em seguida descreveu o que ocorre no hospital

no minuto da prece: abre-se na parede um grande painel luminoso e nele surgem cenas e palavras do salmo, impregnadas de luz, que se desloca da parede encharcando o perispírito dos enfermos que esperavam ansiosos por aquele momento.


Disse-nos, também que muitos enfermos

se recuperam e se alegram através daquele

minuto e que alguns, sabendo que ela obtivera

a permissão para nos visitar, lhe pediram

que colocássemos seus nomes no referido livro.


Finalmente, agradeceu em nome de todos

os desesperados, enfatizando: este minuto

dedicado a nós é mais importante do

que anos de conversa vã sobre o que fizemos.


E voltou, agora na condição de enfermeira,

para junto dos seus irmãos internos, deixando-nos

o agradecimento em nome e em louvor

da Mãe dos Sofredores, Maria de Nazaré.


Aquilo, para nós, foi a confirmação do óbvio: o bem que fazemos hoje é nosso advogado em qualquer tempo ou lugar.

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