Os discípulos, porém, não são bem recebidos pelos samaritanos. Indignados os Apóstolos Tiago e João perguntam a Jesus: “Senhor, queres que ordenemos que desça fogo do céu para consumi-los?” Ditas pelos Apóstolos, tais palavras causam estranheza. Ficamos surpreendidos ao vê-los suplicando pela destruição de uma pequena aldeia. Apesar de os judeus e os samaritanos estarem divididos por séculos, Jesus decide passar através deste território e pedir-lhes hospitalidade. Embora não compreendido, o gesto revela o coração humilde e generoso de Jesus. Sua oferta de amizade é recusada.
À pergunta feita, os Apóstolos recebem de Jesus, como resposta, uma dura repreensão. Ao mesmo tempo, ele procura fazê-los compreender o que o aguarda em Jerusalém. Lá ele seria crucificado. Entregaria sua vida pela redenção dos judeus, samaritanos e gentios. Reconciliados com Deus, todos se tornariam um só povo. Escreve s. Cirilo de Jerusalém: “Jesus persuade, deste modo, os Apóstolos a serem pacientes e a se guardarem distantes de perturbações de tal gênero”. Igualmente, continua s. Cirilo, “os Apóstolos devem se preparar para também serem rejeitados”.
Brotam questões sobre a responsabilidade dos samaritanos nessa recusa a Jesus. Sem dúvida, eles gozam da liberdade de ação. Liberdade de acolher ou não o Mestre. No entanto, por razões culturais, que os precedem, há determinações históricas que os levam a proceder de modo semelhante. Para existir culpabilidade, fruto de um julgamento moral, seria necessário definir a conduta humana, independente de tais determinações. Por isso, em sua sabedoria e conhecendo o coração das pessoas, Jesus se silencia e continua seu caminho que trará salvação a todos, também aos samaritanos.
“Senhor, vós sois todo bondade e misericórdia. Livrai-me de todo preconceito e intolerância em relação a todos os que eu considero desagradáveis e dilatai meu coração para amar e buscar o bem de todos”. Como santa Terezinha do Menino Jesus, eu desejo corresponder ao amor de Deus e cumprir, com alegre dedicação, os deveres ordinários, no serviço generoso a todos.
Dom Fernando