Meu amigo West me deixou uma pergunta muito interessante. Ele me perguntou sobre alguns comentários que eu fiz a respeito de que não é responsabilidade de um líder de adoração levar pessoas à presença de Deus. Apenas Jesus pode fazer isso. West escreveu:
“Hebreus 9:1 até 10:22 nos chama a entrarmos no Santíssimo Lugar com ousadia. John Frame diz que “o Santíssimo Lugar foi aberto para nós na morte de Cristo, quando o véu do Templo se partiu em dois” (In Spirit and Truth, 27). Se Deus está entronizado e habita nos louvores do Seu povo, e se Ele está onde 2 ou 3 estiverem reunidos em Seu nome, parece-me que existe uma experiência espiritual e real de “entrar no” Santíssimo quando nos reunimos para louvá-lo. Tendo dito isto, ´vejoideres na adoração corporativa temos um dever sacerdotal de trazer o povo de Deus à Sua presença, Seu Santíssimo Lugar, como os músicos Israelitas de antigamente. Eu não sei. Será que estou tão errado nisto?”
Eu não acho que alguém esteja “tão errado” em perguntar algo como isto. Parte da razão da grande confusão sobre adoração e a presença de Deus é que geralmente experimentamos uma nova percepção da presença de Deus quando cantamos seus louvores. Geralmente sentimos como se tivéssemos “entrado na presença de Deus”. O que está acontecendo?
Primeiro, no Velho Testamento, o Sumo Sacerdote entrava no Santíssimo uma vez por ano pelo povo de Israel (Hebreus 9:6-7). Jesus já entrou de uma vez por todas no Santo dos Santos. Não devemos pensar de nós mesmos como se “entrássemos” novamente porque Jesus já entrou lá por nós. Hebreus nos exorta a nos aproximarmos de Deus com grande ousadia porque já entramos no Santíssimo através da nossa união com Cristo. Em Cristo, estamos sempre em lugares celestiais e somos exortados a nos achegarmos. É claro que podemos fazer isso a qualquer momento. Apesar de isto ter uma significância em particular quando nos juntamos como Igreja para expressar nossa fé no Evangelho.
Em Segundo lugar, a questão é como entramos na presença de Deus. O eescritor aos Hebreus encoraja seus leitores a colocar sua fé na obra consumada de Cristo, e não em tentar duplicá-la. David Peterson, em “Engaging with God” diz, “Fundamentalmente, então, chegar-se a Deus significa crer no Evangelho e fazer uma apropriação pessoal da salvação” (240). De uma forma nós temos um dever sacerdotal de lembrar as pessoas o que o Evangelho disse e fez (Neemias 8:8). Mas não estamos levando pessoas ao Santíssimo Lugar. Jesus já fez isso por nós. Pela fé na obra consumada nós temos o privilégio de confiadamente nos achegarmos a Deus.
D.A.Carson compartilha alguns pensamentos que podem ajudar neste tópico. Ele comenta sobre o pensamento da “adoração que nos leva a presença de Deus”
“Objetivamente, o que nos leva a presença de Deus é a morte e ressurreição do Senhor Jesus. Se dermos à nossa adoração (neste contexto da nossa adoração e louvor corporativo) algo deste poder, não irá demorar muito pensarmos de tal adoração como sendo de grande mérito, ou eficaz, ou algo parecido. A verdade que tal expressão esconde é que quando nos ajuntamos e adentramos em atividades de adoração corporativa (incluindo não somente oração e louvor mas a Santa Ceia e atentamente ouvirmos a Palavra…), nós encorajamos outros, nós edificamos uns aos outros, e geralmente nos sentimos encorajamos e edificados. Como resultado, nós somos renovados em nossa percepção do amor e verdade de Deus, e somos encorajados a responder com adoração e ação” (Worship by the book, 50-51).
Então, enquanto eu estou de frente para a igreja, liderando-os em canções, na leitura da Palavra, e oração, meu objetivo não é “leva-los a presença de Deus”, mas de ajuda-los a lembrar e celebrar o que Cristo já conquistou para eles através de sua vida justa, sua morte expiatória, e sua gloriosa ressurreição. Ao colocarem sua fé e dependência no sumo sacerdote perfeito, eles claramente experimentarão uma nova percepção da proximidade de Deus. Sua posição em Cristo não mudou. Sua apreciação desta posição é que mudou. A igreja sera edificada e Deus sera glorificado.
Entender esta área realmente traz liberdade para mim como líder de adoração. Eu não tenho que tentar fazer uma tarefa impossível. Eu não tenho que andar ansioso se as pessoas “conseguirão” ou não. Eu simplesmente apresento o que Cristo fez de uma maneira clara e atrativa para encorajar a fé das pessoas. O Espírito Santo toma conta do resto.
Bob Kauflin é o director de desenvolvimento de adoração para o minstério Sovereign Grace, uma família de 70+ igrejas dirigidos por C.J. Mahaney. Suas responsabilidades incluem equipar pastores e músicos na teologia e prática da adoração congregacional, e contribuir para os CDs deste ministério. Ele é o líder de adoração da Igreja Covenant Life, em Gaithersburg, MD, dirigida por Josh Harris.
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