quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Em Deus um Milagre
Temos sido coerentes com nossas palavras?
A parábola está unida à pergunta dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo com a pergunta: “Com que autoridade fazes estas coisas?” ou seja, “Quem te concede essa autoridade?” (cf. Mt 21,23). Jesus não a responde diretamente, mas indica que Seus inimigos não estão em condições para aceitar essa autoridade. Já que negaram a João como profeta de Deus, seria difícil que O aceitassem também como profeta.
A vontade de Deus, para eles, resultava secundária diante dos fins particulares que se ocultavam sob a aparência de religiosidade. O texto de hoje distingue o verdadeiro do falso e simboliza, nas duas condutas contraditórias, o que na realidade estava ocorrendo entre os judeus da época.
Cristo começa o seu discurso com a pergunta: “Que vos parece?” A pergunta é uma chamada de atenção para um exemplo que imita, em breves parágrafos, a realidade vivida nesses instantes. Vejo aqui não uma proposta, mas sim um mandato a trabalhar na vinha. Os dois respondem a esta ordem.
A resposta do primeiro filho foi um “não quero”. Mas logo se arrependeu e foi. Legalmente ele não cumpriu seu dever; mas, na realidade, ele acatou a vontade do pai e fez o que devia ter feito.
A resposta do segundo filho – aparentemente – foi de total conformidade. Mas seus atos desmentiram sua palavra.
Qual dos dois fez a vontade do pai? Evidentemente, a resposta não poderia ser outra a não ser a daquele filho que finalmente foi trabalhar na vinha. E Jesus agora responde à pergunta com que autoridade Ele havia expulsado os vendedores do Templo, pois comenta a resposta dos chefes dos fariseus e dos anciãos afirmando rotundamente: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele”.
Tendo em vista que os publicanos e as prostitutas acreditaram em João e se converteram. Basta saber a pergunta dos publicanos que vieram a ser batizados por João: “Mestre, que devemos fazer?” (Lc 3,12). A palavra “Mestre” indica que eles acreditavam na palavra de João. Nada temos sobre as prostitutas. Sabemos, sim, que muitos publicanos e pecadores escutavam com agrado as palavras de Jesus como declara o Evangelho de Mateus 9,10 e, especialmente, em Lucas 15,1: “Todos os publicanos e pecadores estavam se aproximando para ouvi-lo”. Isso indica que estavam, no mínimo, interessados no Reino através de Jesus; o que não acontecia com os dirigentes judeus, escribas e fariseus, que só buscavam uma desculpa para poder condená-lo (Lc 6,7).
A parábola indica que os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos da justiça humana. Segundo esta, não haveria muitas possibilidades para um arrependido se tornar um novo homem. Tudo indica que os bons têm posto e lugar preferível na sociedade em todos os tempos. São os privilegiados. Porém, segundo os planos de Deus, talvez sejam os mais afastados os primeiros a escutar o Seu convite, que logicamente oferece o desejo de uma conversão: “Não vim chamar os justos; mas sim os pecadores ao arrependimento” (Lc 5,32).
Os que se consideram bons são como o fariseu que Jesus compara com o publicano na sua parábola: agradecem por serem diferentes dos demais homens numa sociedade constituída por ladrões, malfeitores e adúlteros (cf. Lc 18,11). Mas são estes últimos os que recebem a luz da fé e a justiça da conversão, os que realmente se veem a si mesmos à luz da verdade divina, que nos olha a todos como pecadores (cf. Rm 5,19) e busca nosso remédio de modo paternal (cf. Lc 15,20). Por isso, aqueles serão rejeitados e estes últimos, que imploram o perdão, serão justificados (cf. Lc 18,14).
A verdadeira justiça é um dom de Deus dado a quem sente necessidade desta virtude. Se temos dúvidas sobre a conduta divina é bom escutar as palavras de Jesus em Mateus 23, 13ss: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas…” Muitas dessas maldições talvez possam se dirigir a todos nós que estamos no lugar de destaque como correspondia às classes dirigentes na época de Jesus. Que devemos fazer? Admitir que nossa conduta deve se guiar pelos caminhos de Deus, ou seja, pelos caminhos da justiça.
Somos coerentes com a nossa palavra, ou pelo contrário, o nosso ‘sim’ pode ser ‘não’ e o nosso ‘não’ pode ser ‘sim’? Agir desta forma é exatamente o oposto do que fez Jesus. Ele que disse ‘sim’ ao ‘sim’ e ‘não’ ao ‘não’ (cf. Mt 5,37). Porque, se uma coisa má em si não pode ser boa apesar das boas intenções, uma intenção distorcida pode converter uma boa ação em pura hipocrisia (cf. Mt 5,2) ou em corrupta iniquidade (cf. Mt 23,28).
Agora eu lhe pergunto: com qual dos filhos você se identifica? Que autoridade você dá a Jesus em sua vida? Sua palavra é a Palavra de Deus ou a sua própria palavra é a última em suas decisões? Pense nisso. Especialmente em questão dos sete pecados capitais. Não basta dizer ‘sim’ à Palavra de Deus. É sobretudo fundamental que o meu ‘sim’ seja ‘sim’. E o meu ‘não’ seja ‘não’.
Padre Bantu Mendonça
http://blog.cancaonova.com/homilia/2011/12/13/temos-sido-coerentes-com-nossas-palavras/
A sadia convivência nos afasta das armadilhas do inimigo

A passagem bíblica hoje é muito importante para nós, pois retrata a divisão que Moises fez entre as coisas divinas e as profanas. O capítulo anterior fala sobre a confecção de um bezerro de ouro pelo povo escolhido, para ser venerado durante a ausência de Moisés.
Moisés estava com Deus no Monte Sinai, quando o Senhor lhe deu as tábuas com os Dez Mandamentos. Este era um sinal da aliança de Deus com o Seu povo eleito. Mas quando esse profeta desce da montanha encontra o povo venerando esse bezerro, e o Senhor afirma que eles estavam cometendo um erro e que não iria mais caminhar à frente do Seu povo. Nesse momento, o profeta quebra as tábuas da Lei e todo o povo fica triste e inseguro.
Diante do que tinham feito, Moisés toma uma atitude como intercessor. Ele se distancia do acampamento e monta a tenda do encontro com o Senhor longe deles, dessa forma, ele separou o divino do que era profano. Então pôs-se a conversar com Deus, e uma nuvem se aproxima da tenda e as pessoas voltam a ser adoradoras, reverenciando-se diante do único e verdadeiro Deus.
O Senhor falava com Moisés face a face, como um amigo fala com o outro que está à sua frente. E essa é a mensagem de Deus para nós: devemos nos entreter e dialogar face a face com Ele, e a verdadeira adoração ao único Senhor será suscitada no nosso coração.
A palavra "entretenimento" tem o sentido de puxar algo para nosso interior, é um convite à interioridade. Com a ajuda desse profeta aprendemos a fazer o sadio entretenimento com o Senhor. Quando nos entretemos com Deus, Ele também se entretém conosco e mergulha no nosso coração.
Muitas vezes, nós sofremos porque não sabemos ou não fazemos a separação das coisas que são Deus das que não são. Não podemos servir o bem e o mal ao mesmo tempo, não há possibilidade de haver comunhão entre a luz e as trevas.
Convido a você neste dia para fazer esse sadio entretenimento com o Senhor, mesmo que esteja com o coração magoado, triste, angustiado com um problema. Entretenha-se também com as pessoas que você ama e com as quais convive, como a sua família, e isso nos afastará das várias armadilhas que o inimigo de Deus tenta contra você e a sua família.
O sadio entretenimento e a sadia convivência ajudam a manter o sereno equilíbrio, aumentam a espontaneidade e devolvem a paz .
Alexandre Oliveira
Missionário da Comunidade Canção Nova
Atravessemos a ponte
Com certeza, você deve ter consciência de que tudo nesta vida passa, por isso, a nossa existência precisa ser motivada pelo desejo de possuir a Deus e de nos deixarmos ser possuídos por Ele. Não podemos nos agarrar às coisas passageiras, porque todas elas são apenas pontes para nos levar ao Senhor.
“Os céus narram a glória de Deus, o firmamento proclama a obra de suas mãos” (Sl 19,2).
Todas as coisas encontram o seu sentido perfeito em Deus Todo-poderoso. Não podemos parar nas “pontes” da vida, mas sim, atravessá-las a fim de encontrarmos o sentido da nossa esperança: Deus.
Com grande facilidade, ficamos apegados a bens materiais, pessoas e a nós mesmos, mas precisamos nos desvencilhar de tudo que é efêmero e nos agarrar somente àquilo que é eterno.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a nos desapegar de tudo e de todos para que possamos servi-Lo com amor, gratidão e perseverança.
Jesus, eu confio em Vós!
Reflita
Jó 41
Poderás tirar com anzol o leviatã, ou ligarás a sua língua com uma corda?
Podes pôr um anzol no seu nariz, ou com um gancho furar a sua queixada?
Porventura multiplicará as súplicas para contigo, ou brandamente falará?
Fará ele aliança contigo, ou o tomarás tu por servo para sempre?
Brincarás com ele, como se fora um passarinho, ou o prenderás para tuas meninas?
Os teus companheiros farão dele um banquete, ou o repartirão entre os negociantes?
Encherás a sua pele de ganchos, ou a sua cabeça com arpões de pescadores?
Põe a tua mão sobre ele, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.
Eis que é vã a esperança de apanhá-lo; pois não será o homem derrubado só ao vê-lo?
Ninguém há tão atrevido, que a despertá-lo se atreva; quem, pois, é aquele que ousa erguer-se diante de mim?
Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu.
Não me calarei a respeito dos seus membros, nem da sua grande força, nem a graça da sua compostura.
Quem descobrirá a face da sua roupa? Quem entrará na sua couraça dobrada?
Quem abrirá as portas do seu rosto? Pois ao redor dos seus dentes está o terror.
As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como com selo apertado.
Uma à outra se chega tão perto, que nem o ar passa por entre elas.
Umas às outras se ligam; tanto aderem entre si, que não se podem separar.
Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pálpebras da alva.
Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.
Das suas narinas procede fumaça, como de uma panela fervente, ou de uma grande caldeira.
O seu hálito faz incender os carvões; e da sua boca sai chama.
No seu pescoço reside a força; diante dele até a tristeza salta de prazer.
Os músculos da sua carne estão pegados entre si; cada um está firme nele, e nenhum se move.
O seu coração é firme como uma pedra e firme como a mó de baixo.
Levantando-se ele, tremem os valentes; em razão dos seus abalos se purificam.
Se alguém lhe tocar com a espada, essa não poderá penetrar, nem lança, dardo ou flecha.
Ele considera o ferro como palha, e o cobre como pau podre.
A seta o não fará fugir; as pedras das fundas se lhe tornam em restolho.
As pedras atiradas são para ele como arestas, e ri-se do brandir da lança;
Debaixo de si tem conchas pontiagudas; estende-se sobre coisas pontiagudas como na lama.
As profundezas faz ferver, como uma panela; torna o mar como uma vasilha de ungüento.
Após si deixa uma vereda luminosa; parece o abismo tornado em brancura de cãs.
Na terra não há coisa que se lhe possa comparar, pois foi feito para estar sem pavor.
Ele vê tudo que é alto; é rei sobre todos os filhos da soberba.
A Igreja continua sendo mãe. E nós, seus filhos
A Igreja Católica é a imagem do amor do Pai, pois não expulsa ninguém que comete pecado. Ao contrário, ela recebe o filho pecador, o filho pródigo, de braços abertos.
A Igreja continua sendo mãe e continuamos sendo filhos, mesmo pecadores. Ela não põe ninguém para “fora de casa”, não faz nenhum julgamento nem condena ninguém como réu.
Como a Igreja, nós também precisamos ser cheios de misericórdia: por isso, necessitamos da Eucaristia.